3ª Caravana Latino-Americana de Ecologia Integral – CIDSE

3ª Caravana Latino-Americana de Ecologia Integral

“Transição Mineração-Energia: solução ou sacrifício dos pobres e da terra?”

COMUNICADO DE IMPRENSA

A 3ª Caravana Latino-Americana de Ecologia Integral reúne 9 representantes de territórios afetados pela mineração que buscam discutir o paradigma da transição energética e como ele impacta a América Latina. 


Neste 17 de setembro começa na Espanha a 3ª Caravana pela Ecologia Integral organizada pela Rede Igrejas e Mineração – RIM, o Conselho Indigenista Missionário – CIMI e a REPAM – Rede Eclesial Pan-Amazônica. Nove representantes de territórios latino-americanos (Argentina, Bolívia, Brasil, Chile e Peru) afetados pelo extrativismo e mineração, percorrerão 10 cidades de 6 países europeus (Espanha, Bélgica, Itália, Áustria, França e Alemanha) para contar a diferentes públicos a situação de seus territórios devido à poluição e violação de direitos e as novas lógicas extrativistas. Ao mesmo tempo, querem levantar a voz com propostas que vêm das comunidades para deter o avanço irreparável das mudanças climáticas e promover outras economias em defesa da vida. 

Transição Mineração-Energia: solução ou sacrifício dos pobres e da Terra?

A Europa tem uma agenda marcada sobre o que vem sendo chamado de Transição Energética, diversas abordagens que vêm da União Europeia, ou de acordos e convenções bilaterais de países europeus com governos da América Latina, que promovem um avanço para a obtenção de minerais críticos, considerando-os “alternativas” aos combustíveis fósseis e ao carvão. 

Para a América Latina a história é diferente. Essa chamada transição energética não está levando a uma mudança de modelo, mas continua sustentando o sistema colonial e extrativista de matérias-primas, ao custo da vida de milhares de pessoas e territórios. 

O Banco Mundial sugeriu que a demanda por minerais de transição essenciais poderia aumentar em cerca de 500% até 2050 (Hund et al., 2020). No entanto, a sobreposição econômica e socioambiental que usurpou territórios de uma política colonial está sendo desafiada por povos indígenas, comunidades tradicionais, movimentos sociais, sociedade civil e igrejas que acompanham as realidades martirizadas por economias extrativas. Além disso, a iniciativa Global Gateway da União Europeia (UE), anunciada em 2021, visa abordar as lacunas de investimento no Sul Global. No período de 2021-2027, a Equipe Europa (a UE e seus estados-membros) se comprometeu a mobilizar até € 300 bilhões para projetos em todo o mundo, focados em transformação digital, resiliência climática, sustentabilidade energética, redes de transporte eficientes, saúde, educação e sistemas de pesquisa. No entanto, de acordo com a pesquisa publicada pela CONCORD, se o Global Gateway não for efetivamente repensado, ele agravará as desigualdades nos países parceiros em vez de reduzi-las.

Um dos exemplos que estão gerando processos muito violentos tem a ver com a extração de lítio. O lítio é usado para fabricar celulares, baterias, telas e os carros elétricos da moda. É um dos minerais que a Europa e o Norte Global nomearam como minerais críticos e para sua extração serão utilizadas quantidades incalculáveis ​​de água. A água é justamente uma das principais chaves da disputa. Estudos recentes estimam que até 2 milhões de litros de água podem ser usados ​​para produzir um quilo de lítio. 

O lítio é extraído de salinas e perto de geleiras. Eles também querem extrair lítio em pedra em comunidades indígenas com vocação agrícola e pecuária, que já sofrem com secas. 

Violações de direitos, violência colonialista e o sofrimento da Casa Comum

Os defensores que estarão presentes no tour denunciam um panorama de múltiplas violações de direitos humanos, especialmente em contextos onde as comunidades indígenas enfrentam projetos extrativistas e falta de proteção estatal adequada. Criminalização e perseguição daqueles que resistem ao avanço do modelo capitalista extrativista, governos em diferentes níveis que protegem e legitimam as mineradoras. Eles também mostram desrespeito à consulta prévia e à Convenção 169 da OIT, que os protege e deve garantir seus direitos coletivos. Isso está levando pouco a pouco a uma violência racista e etnocida que busca destruir povos inteiros e que busca desapossá-los de seus territórios, que não consulta, que entra em seus territórios sem seu consentimento e que não respeita sua cosmovisão, espiritualidade e modo de vida. Eles denunciam a contaminação, destruição do meio ambiente e das fontes de água, bem como problemas de saúde que não estão sendo enfrentados. 

Esta 3ª Caravana é composta por nove jovens, ativistas e representantes de povos indígenas da Argentina (Valentina Vidal), Brasil (Railson Guajajara, Ytaxaha Braz Pankararu, Christian Clevels e Guilherme Cavalli), Chile (Joan Jara Muñoz), Peru (Vito Calderón e Padre Enrique González) e Bolívia (Irmã Gladys Montesinos), levando propostas que clamam por conversões pessoais e coletivas, e que se baseiam na experiência de suas comunidades. Parar o modelo de consumo, articular e apoiar iniciativas produtivas em andamento que garantam a segurança alimentar, a proteção da água e a sustentabilidade da terra. Incorporar nas discussões políticas e acadêmicas as experiências dos povos indígenas, que se comprovam como alternativas para uma vida em harmonia com a Casa Comum e com todos os seres. 

A Caravana pela Ecologia Integral traz uma proposta muito concreta às organizações de fé, à sociedade civil, aos bancos e a todas as pessoas e organizações de boa vontade, que no marco do magistério do Papa Francisco (Encíclica Evangeli Gaudium, Laudato Si, Fratelli Tutti, Documento Vaticano Mesuram Bonam) nos convida a dizer não a uma economia de morte, a um sistema que mata deixando descartados e onde a Mãe Terra sofre dores de parto. Neste sistema, as práticas financeiras são cúmplices de todas as violações denunciadas pelos territórios. Por isso, a Rede Igrejas e Mineração promove a Campanha de Desinvestimento Mineiro que pede coerência ética nos investimentos e financiamentos. 

Esperar e agir com a Criação: Estação da Criação

O tempo da criação é um momento do ano em que a unidade ecumênica no mundo reza, reflete e propõe ações para o cuidado da Casa Comum. Em muitos lugares do mundo são realizadas propostas para conscientizar e agir pela defesa do planeta. Muitas atividades da 3ª Caravana pela Ecologia Integral são enquadradas neste período. A delegação da III Caravana estará presente em Roma para a audiência com o Papa Francisco em 2 de outubro de 2024, onde farão conhecidos seus gritos e esperanças. 

Sobre a Caravana:

Esta é a 3ª Caravana pela Ecologia Integral organizada pela Rede de Igrejas e Mineração em colaboração com organizações eclesiais e da sociedade civil na Europa, como CIDSE, COMECE, Caritas Europa, Caritas France, CCFD – Terre Solidaire, “Enlázate for Justice” (Caritas, Cedis, Confer, Justice and Peace, Manos Unidas e REDES), horizont3000, ALBOAN e Misereor.


Informação adicional:
Você pode encontrar a agenda completa da 3ª Caravana em Bruxelas, Bélgica, através deste Página da web.

O dossiê completo da 3ª Caravana (EN / ES) está disponível aqui.

Saiba mais sobre a 2ª Caravana da Agroecologia que aconteceu em 2023 Aqui.


Contactos:

Pessoa de contato do CIDSE: Susana Hernández Torres, Diretora de Política de Poder Corporativo e Direitos Humanos, hernandez(at)cidse.org

Coordenação 3ª Caravana de Ecologia Integral – Europa:
– Guilherme Cavalli, guilhecavalli(at)gmail.com 
– Valentina Vidal valentina.iglesiasymineria(at)gmail.com 

Coordenação de imprensa 3ª Caravana da Ecologia Integral: 
– Daniela Andrade, Diretora de Comunicação da Iglesia y Mineria, daniela.iglesiasymineria(at)gmail.com

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