Chiara Martinelli, do CIDSE, compartilha suas reflexões depois de participar do workshop “Clima e agricultura: colhendo soluções das pessoas para sistemas alimentares sustentáveis” (Bruxelas, 19-21, 2016 de setembro), reunindo participantes da rede CIDSE, parceiros e aliados.
Após três dias de um workshop tão intenso, sinto-me realmente empoderado. Sinto-me encorajado a continuar trabalhando na promoção de mudanças orientadas para as pessoas. Aprendi muito sobre clima e agricultura com os especialistas do workshop de todo o mundo. Eles trouxeram para a discussão suas lutas no nível local, seus pontos fortes e estratégias para criar um modelo sustentável de produção e consumo de alimentos em contextos muito diferentes, bem como sua paixão por continuar nessa transição.
Iniciamos o workshop ouvindo as experiências diferentes do 7 do Brasil, Togo, Bélgica, Indonésia, Filipinas e Zâmbia. Agricultores e ativistas de diferentes países compartilharam conosco os grandes e comuns desafios que estão enfrentando devido aos efeitos das mudanças climáticas, da exploração agroindustrial e do paradigma atual baseado em ter “mais”, fazer coisas “rapidamente” e individualismo.
Como Paula da La Via Campesina disse, “A mudança climática não está nos dando a opção de esperar pelas políticas certas e justas e não está afetando todas as regiões e indivíduos igualmente”. De fato, trata-se de uma injustiça a ser tratada. O debate suscitou um forte senso de urgência e responsabilidade de agir em todos os níveis, especialmente em relação às regiões mais vulneráveis.
Apesar dos desafios, no entanto, as histórias apresentadas lançam luz sobre um movimento crescente em todos os continentes, onde cidadãos e comunidades desempenham um papel enorme na construção de hábitos sustentáveis de produção e consumo de alimentos e que se unem todos os dias para resistir ao sistema dominante. Eles nos ajudaram a considerar as interligações entre clima e agricultura e nos mostraram como a agroecologia responde como uma solução, uma abordagem holística, um "modo de vida" e um conjunto de práticas que funcionam e que são mais que uma ciência. A agroecologia representa uma alternativa real ao sistema alimentar existente.
Colocar as histórias das pessoas no centro do programa permitiu apontar a importância e o valor agregado das escolhas e do engajamento dos cidadãos - da produção ao consumo, ao ativismo no apelo por políticas e iniciativas que possam apoiar, promover e dar visibilidade aos já existentes. experiências em todo o mundo e que mostram que é possível um sistema alimentar sustentável. Uma forte ênfase foi colocada na necessidade de trabalhar para combater a narrativa dominante sobre alimentação e clima e, portanto, o papel crucial da comunicação e da mobilização dos cidadãos em nossa sociedade.
Conforme destacado por Christophe, da Rede GASAP na Bélgica, no centro da mudança para sistemas alimentares mais sustentáveis “Existe uma profunda necessidade de construir novas relações entre agricultores e consumidores, relações baseadas em riscos compartilhados”. Pedir aos consumidores esforços para fazer escolhas, dedicar tempo e um compromisso e compromisso financeiro de longo prazo, aproxima-os do agricultor e permite que a confiança e as relações pessoais floresçam. Isso inverte completamente a lógica do modelo predominante de consumo de alimentos.
Marcio do Brasil (ASPTA) afirmou que “dar uma cara aos agricultores” é uma parte crucial da estratégia para expandir os modelos agroecológicos. E, por exemplo, devemos promover os mercados locais não apenas como um espaço para comprar alimentos, mas como um local de troca, para estimular discussões e aproximar os atores de produção e consumo.
“A agroecologia não é apenas uma maneira orgânico-ambiental de produzir alimentos - provocou um participante - “É também um movimento, um movimento que também coloca o consumo no centro do debate”. Através da nossa campanha Mudança para o planeta - Cuidar das pessoas, pretendemos pedir uma mudança nos hábitos de consumo de alimentos e contribuir para a construção de um movimento de cidadãos ativos com práticas sustentáveis, cidadãos capazes de ouvir e aprender com as soluções das pessoas e com as histórias uns dos outros, cidadãos que reconhecem o poder do coletivo e o poder de compartilhar. Esse movimento que eu vi entre os participantes do 60 no workshop em Bruxelas.